terça-feira, 7 de setembro de 2010

Rescaldo da 1ª Clássica da Serra da Estrela

À chegada duas acompanhantes de um grupo ciclista felicitaram-me dizendo.
-“Apesar de não haver palmas não quer dizer que não sejam merecidas!”
Agradeci e por breves instantes pensei que nesta jornada apenas faltou alguma público a puxar por nós para me sentir “pro” por um dia.
Dos que se encontravam na Torre o sentimento coincidia na satisfação. Uns em melhor estado, outros manifestamente cansados, a todos percorri com o olhar para vislumbrar aquilo que verdadeiramente me levara à Serra da Estrela – A superação!
Obviamente que os perfís ciclistas contrastavam. A maioria era manifestamente trepadora o que motivou que o andamento tivesse sido de bom nível e o desgaste superior. Para os outros, onde me incluo, os quilómetros representaram uma odisseia que teve de ser digerida com precaução.

A árdua travessia iniciara-se 5h00 antes na Covilhã. No parque de estacionamento, superando todas as minhas melhores expectativas, com alguma calma e muito boa disposição, cerca de 50 atletas ultimavam a partida. Caras conhecidas de outras “batalhas” entre os Pinas, Duros do Pedal, Carbboom e alguns ilustres individuais.
Da Golegâ uma carrinha com vários participantes, de Espanha outra e ainda vários atletas da zona, da casa Benfica de Belmonte e um grupo com o jersey da Palmeiras resort.
Da parte do Ciclismo 2640 o entusiasmo era apenas bom porque um certo indivíduo não deixara ninguém dormir e porque nos preparativos da viagem o Jonas esquecera-se dos sapatos de ciclismo o que obrigou a uma enorme logística de coordenação pela noite dentro de modo a poder estar pronto á partida.
Depois da fotografia da praxe, após os conselhos de última hora, apontaram-se as bicicletas para a saída e partiu-se.
Até Belmonte em ritmo moderado com um dos colegas espanhóis a deixar cair a bomba nos paralelos. Fico com ele e sem forçar conseguimos recolocar-nos. Saíndo da nacional que faz a ligação à Guarda inicia-se a aproximação a Gonçalo em plena súbida com pendente a tocar nos 10% o que obriga a tomar logo cautelas com os andamentos.
Na passagem pelo centro da localidade um dos nativos de nome Sérgio Gomes chega-se à frente para, ao melhor estilo de uma etapa do Tour, ser aplaudido pelos conterrâneos.
Ataca-se a súbida com andamento bem ponderado e em pelotão compacto seguimos em direcção ao Seixo Amarelo até que um enorme estoiro na roda traseira me faz parar. Temi o pior e pensei que poderia ter findado a aventura. Afinal foi apenas a câmara de ar. O João Rodrigues que por lesão não pôde estar presente em bicicleta ia como apoio à equipa da Carbboom parou para me assistir. Enorme ajuda que me permitiu a troca célere e ainda foi arranjar uma chave sextavada para mais à frente,fixar o calço de travão que saltara.
Sou o último a chegar ao topo da ascensão onde era aguardado por todos. A descida inicia-se timidamente mas de repente lança-se a cabeça do pelotão a velocidades proibitivas. Fracciona-se o grupo e por momentos pensei que não haveria mais reagrupamento visto que os raides na frente elevavam as diferenças. Afinal em Valhelhas tira-se o “pé do pedal” e permite-se que se recoloquem a maioria dos atletas. Ninguém queria fazer as despesas da transição pelo que dou por mim na frente com o Xico em ritmo calmo. Ataca o PP e é seguido por um outro elemento. Ganham alguma distância mas pouca diferença. Até Manteigas apenas uma ou outra zona que obrigava a elevar a pulsação mas sem ninguém querer gastar energias.
Esta paz podre haveria de terminar. Assim que se vira para as Penhas da Saúde o figurino mudou. Chegam-se os trepadores à frente e o ritmo sobe de toada.
Alguns optam por largar logo ao início. Eu com os meus 85 kg coloco-me no grupo da frente e vou tentando aproveitar a boleia ao máximo. Um atleta com o jersy azul, sem publicidade, e o Marco Silva puseram a nú as minhas debilidades na alta montanha. Sensivelmente a meio sou confrontado com a necessidade de abrir visto que a pulsação já ia nas 180 bpm e ainda faltava tanto para o fim da súbida e muito mais ainda para o fim da jornada! Fica comigo um elemento de Belmonte e vamos-nos revezando na frente. Faz-se-me longa a súbida pelo desconforto de não ir a ritmo e aceito a sugestão para parar antes do final numa fonte de àgua fresca e segundo o meu colega sem mosquitos.
Retemperadas as forças e novamente a caminho. Na descida para o Sabugueiro apanho o PP que ia agarrado à cabeça, porque uma abelha o picara, com vontade de subir ao seu ritmo. Ainda o incitei para vir mas este não tinha convicção para seguir em grupo.
Após a passagem pela aldeia mais alta de Portugal inicia-se um longo calvário que deveria ser bem digerido. Meto andamento trancado às 170 bpm e “deixo-me ir”. O meu companheiro ganha alguns metros e serviu-me de bitola para dosear o andamento. Pelo caminho vamos apanhando alguns elementos que foram largados com as reservas em baixo. Até à lagoa alimento-me bem e recupero confiança. Surge o Sérgio com cara maltratada pelo esforço e com ar esgotado.
A partir deste momento decido ser mais audaciosa e aumento significativamente o passo. Fico sem companhia para o resto da súbida e vou no encalço dos atletas que vou observando um pouco mais à frente. Alguns minutos depois apanho um elemento do Palmeiras resort que ia com 39x23 sofrido e que graças a esta má opção acabou por pagar uma dura factura que facilmente poderia ter evitado.
Após a passagem pelo cruzamento que dá acesso a Louriga aparece a Torre, tão perto e tão longe. Os quilómetros finais são angustiantes quando se vem à míngua e pior ainda com a falta de àgua. Ainda assim é uma visão que dá algum conforto visto que o fim começa a surgir no horizonte.
6240 Kcal depois com uma média cardíaca de 159 bpm o final das súbidas.
No topo estava o Ricardo, o Xico, o Carlos Gomes, literalmente estendido a recuperar, e alguns elementos que não conhecia. Trocamos algumas impressões e boa disposição. Aguardo o Sérgio e vamos beber uma cola. Dou-lhe um abraço e felicito-o por ter chegado para logo depois lhe passar uma reprimenda por ter ido aos limites tão longe do final. Quem também fez uma boa súbida foi o Jonas que chegou nos limites e o Marco Silva que chegou para lá destes completamente esgotado depois de se ter destacado na frente com o André.

Na descida a triste notícia que dava conta da queda do Marco Almeida, que rebentou um pneu, e do André, com este último a ser hospitalizado. Felizmente nada problemática para álem do enorme susto.

Há alguns aspectos que podem e devem ser melhorados na logística da etapa. Ainda assim e sem margem para dúvidas a pergunta que fica no ar é: Quando é que é a próxima?

(A minha menina carregada para o regresso)

8 comentários:

  1. realmente foi um dia muito bem passado! apesar de nao ter tado bem gostei bastante! pena so o caso do andre! de resto muito fixe

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  2. Este ano não deu, mas para a próxima como já estou reformado levam comigo outra vez, quando vejo empenos fico com inveja para apanhar um também, eh,eh.
    Ainda bem que se divertiram!
    Quanto á queda do André, creio que o bom senso que por vezes falta nestas ocasiões poderia evitar este tipo de situações, o pessoal pode dar tudo a subir, não percebo porque razão arriscam a descer.

    Abraço

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  3. Continuo cheio de inveja por não ter ido. Para o ano marquem noutra data. As melhoras para o André. No Domingo contem comigo.
    Abraços

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  4. obrigado o pessoal que me tem mandado as melhoras.
    domingo se me emcontrar melhor ja vou desenferujar um bocadinho os musculos

    abrços

    andre costa

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  5. gande andre! ver se te poes bom pa voltar a "guerra"! mas... com juizo...
    abraco

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  6. André,

    Volta à carga quanto antes!
    As melhoras!
    Abraço

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  7. jonas

    eu adorei a ida a serra e eu gosto e destes empenos duros de roer

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  8. andre poente fino meu e mais cuidado nas descidas

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