À chegada duas acompanhantes de um grupo ciclista felicitaram-me dizendo.
-“Apesar de não haver palmas não quer dizer que não sejam merecidas!”
Agradeci e por breves instantes pensei que nesta jornada apenas faltou alguma público a puxar por nós para me sentir “pro” por um dia.
Dos que se encontravam na Torre o sentimento coincidia na satisfação. Uns em melhor estado, outros manifestamente cansados, a todos percorri com o olhar para vislumbrar aquilo que verdadeiramente me levara à Serra da Estrela – A superação!
Obviamente que os perfís ciclistas contrastavam. A maioria era manifestamente trepadora o que motivou que o andamento tivesse sido de bom nível e o desgaste superior. Para os outros, onde me incluo, os quilómetros representaram uma odisseia que teve de ser digerida com precaução.
A árdua travessia iniciara-se 5h00 antes na Covilhã. No parque de estacionamento, superando todas as minhas melhores expectativas, com alguma calma e muito boa disposição, cerca de 50 atletas ultimavam a partida. Caras conhecidas de outras “batalhas” entre os Pinas, Duros do Pedal, Carbboom e alguns ilustres individuais.
Da Golegâ uma carrinha com vários participantes, de Espanha outra e ainda vários atletas da zona, da casa Benfica de Belmonte e um grupo com o jersey da Palmeiras resort.
Da parte do Ciclismo 2640 o entusiasmo era apenas bom porque um certo indivíduo não deixara ninguém dormir e porque nos preparativos da viagem o Jonas esquecera-se dos sapatos de ciclismo o que obrigou a uma enorme logística de coordenação pela noite dentro de modo a poder estar pronto á partida.
Depois da fotografia da praxe, após os conselhos de última hora, apontaram-se as bicicletas para a saída e partiu-se.
Até Belmonte em ritmo moderado com um dos colegas espanhóis a deixar cair a bomba nos paralelos. Fico com ele e sem forçar conseguimos recolocar-nos. Saíndo da nacional que faz a ligação à Guarda inicia-se a aproximação a Gonçalo em plena súbida com pendente a tocar nos 10% o que obriga a tomar logo cautelas com os andamentos.
Na passagem pelo centro da localidade um dos nativos de nome Sérgio Gomes chega-se à frente para, ao melhor estilo de uma etapa do Tour, ser aplaudido pelos conterrâneos.
Ataca-se a súbida com andamento bem ponderado e em pelotão compacto seguimos em direcção ao Seixo Amarelo até que um enorme estoiro na roda traseira me faz parar. Temi o pior e pensei que poderia ter findado a aventura. Afinal foi apenas a câmara de ar. O João Rodrigues que por lesão não pôde estar presente em bicicleta ia como apoio à equipa da Carbboom parou para me assistir. Enorme ajuda que me permitiu a troca célere e ainda foi arranjar uma chave sextavada para mais à frente,fixar o calço de travão que saltara.
Sou o último a chegar ao topo da ascensão onde era aguardado por todos. A descida inicia-se timidamente mas de repente lança-se a cabeça do pelotão a velocidades proibitivas. Fracciona-se o grupo e por momentos pensei que não haveria mais reagrupamento visto que os raides na frente elevavam as diferenças. Afinal em Valhelhas tira-se o “pé do pedal” e permite-se que se recoloquem a maioria dos atletas. Ninguém queria fazer as despesas da transição pelo que dou por mim na frente com o Xico em ritmo calmo. Ataca o PP e é seguido por um outro elemento. Ganham alguma distância mas pouca diferença. Até Manteigas apenas uma ou outra zona que obrigava a elevar a pulsação mas sem ninguém querer gastar energias.
Esta paz podre haveria de terminar. Assim que se vira para as Penhas da Saúde o figurino mudou. Chegam-se os trepadores à frente e o ritmo sobe de toada.
Alguns optam por largar logo ao início. Eu com os meus 85 kg coloco-me no grupo da frente e vou tentando aproveitar a boleia ao máximo. Um atleta com o jersy azul, sem publicidade, e o Marco Silva puseram a nú as minhas debilidades na alta montanha. Sensivelmente a meio sou confrontado com a necessidade de abrir visto que a pulsação já ia nas 180 bpm e ainda faltava tanto para o fim da súbida e muito mais ainda para o fim da jornada! Fica comigo um elemento de Belmonte e vamos-nos revezando na frente. Faz-se-me longa a súbida pelo desconforto de não ir a ritmo e aceito a sugestão para parar antes do final numa fonte de àgua fresca e segundo o meu colega sem mosquitos.
Retemperadas as forças e novamente a caminho. Na descida para o Sabugueiro apanho o PP que ia agarrado à cabeça, porque uma abelha o picara, com vontade de subir ao seu ritmo. Ainda o incitei para vir mas este não tinha convicção para seguir em grupo.
Após a passagem pela aldeia mais alta de Portugal inicia-se um longo calvário que deveria ser bem digerido. Meto andamento trancado às 170 bpm e “deixo-me ir”. O meu companheiro ganha alguns metros e serviu-me de bitola para dosear o andamento. Pelo caminho vamos apanhando alguns elementos que foram largados com as reservas em baixo. Até à lagoa alimento-me bem e recupero confiança. Surge o Sérgio com cara maltratada pelo esforço e com ar esgotado.
A partir deste momento decido ser mais audaciosa e aumento significativamente o passo. Fico sem companhia para o resto da súbida e vou no encalço dos atletas que vou observando um pouco mais à frente. Alguns minutos depois apanho um elemento do Palmeiras resort que ia com 39x23 sofrido e que graças a esta má opção acabou por pagar uma dura factura que facilmente poderia ter evitado.
Após a passagem pelo cruzamento que dá acesso a Louriga aparece a Torre, tão perto e tão longe. Os quilómetros finais são angustiantes quando se vem à míngua e pior ainda com a falta de àgua. Ainda assim é uma visão que dá algum conforto visto que o fim começa a surgir no horizonte.
6240 Kcal depois com uma média cardíaca de 159 bpm o final das súbidas.
No topo estava o Ricardo, o Xico, o Carlos Gomes, literalmente estendido a recuperar, e alguns elementos que não conhecia. Trocamos algumas impressões e boa disposição. Aguardo o Sérgio e vamos beber uma cola. Dou-lhe um abraço e felicito-o por ter chegado para logo depois lhe passar uma reprimenda por ter ido aos limites tão longe do final. Quem também fez uma boa súbida foi o Jonas que chegou nos limites e o Marco Silva que chegou para lá destes completamente esgotado depois de se ter destacado na frente com o André.
Na descida a triste notícia que dava conta da queda do Marco Almeida, que rebentou um pneu, e do André, com este último a ser hospitalizado. Felizmente nada problemática para álem do enorme susto.
Há alguns aspectos que podem e devem ser melhorados na logística da etapa. Ainda assim e sem margem para dúvidas a pergunta que fica no ar é: Quando é que é a próxima?
(A minha menina carregada para o regresso)
terça-feira, 7 de setembro de 2010
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realmente foi um dia muito bem passado! apesar de nao ter tado bem gostei bastante! pena so o caso do andre! de resto muito fixe
ResponderEliminarEste ano não deu, mas para a próxima como já estou reformado levam comigo outra vez, quando vejo empenos fico com inveja para apanhar um também, eh,eh.
ResponderEliminarAinda bem que se divertiram!
Quanto á queda do André, creio que o bom senso que por vezes falta nestas ocasiões poderia evitar este tipo de situações, o pessoal pode dar tudo a subir, não percebo porque razão arriscam a descer.
Abraço
Continuo cheio de inveja por não ter ido. Para o ano marquem noutra data. As melhoras para o André. No Domingo contem comigo.
ResponderEliminarAbraços
obrigado o pessoal que me tem mandado as melhoras.
ResponderEliminardomingo se me emcontrar melhor ja vou desenferujar um bocadinho os musculos
abrços
andre costa
gande andre! ver se te poes bom pa voltar a "guerra"! mas... com juizo...
ResponderEliminarabraco
André,
ResponderEliminarVolta à carga quanto antes!
As melhoras!
Abraço
jonas
ResponderEliminareu adorei a ida a serra e eu gosto e destes empenos duros de roer
andre poente fino meu e mais cuidado nas descidas
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