segunda-feira, 19 de julho de 2010

Rescaldo da volta de 18/07/2010




- Olhe, se faz favor, é um pastel de nata e uma coca-cola. Pede nestes termos o André à funcionária generosamente volumosa. Encontramo-nos no local do costume sito no Bombarral.
Por entre gracejos fáceis e ruidosa convivência fluem as conversas do quinteto ciclista que neste domingo se fizera à estrada.
O Sérgio procura alívio e deflete para a esquerda em direcção à casa de banho. À saída implica involuntariamente com as portas de abertura dupla sem limitadores de amplitude de movimento. Calcula mal a trajectória e embate com o ombro direito, até aqui certamente repousado por duas semanas de férias. Com o ruído interrompe os pequenos-almoços da mão cheia de mesas ocupadas pelos frequentadores ocasionalmente presentes e moderadamente matutinos que a manhã já ia a meio.
Julgámo-lo um cowboy a marcar território, assim apelidado pelo Rocha. O barulho provocado pelas traves dos pedais marcam o compasso da aproximação ao balcão. A pose é de confiança sem ser altiva ainda que o peito levantado possa sugerir o contrário. Procura a companhia do Aldeano que é o que menos exterioriza e verbaliza o hilariante momento. Por entre um esgar disfarça alguma dor, a física não será certamente que a pancada não foi tão dura assim. Não gosta de se tornar, involuntariamente, o centro das atenções e assim resta-lhe o brando e evanescente transtorno psicológico.
Esquecemo-nos momentâneamente do conforto estomacal que procurávamos. Quem não se distraiu foi a funcionária que colocou uma coca-cola de garrafa de 20 cl na frente do André. Este, incomodado, pretendia uma de lata de 33 cl. Ela não lhe faz o obséquio. Antes replicou, esta infeliz criatura obrigada a trabalhar ao domingo, possivelmente por um parco vencimento, tendo de aturar caprichos de clientes vestidos de licra justa , mirando o puto lá de cima
- Não tem boca para pedir?.
Não, não tem ele e ainda menos vontade tem ela de lhe perguntar qual a volumetria pretendida. Ocasionalmente deveria pensar em pôr a mais cara só para afuguentar os mais agarrados. Amua o puto, com razão sentida e expressa pela necessidade de ingerir algum açucar. Sorri escancarada a paquidérmica criatura que com outra presença, de um dos nossos entregue a outras lides, conseguiria arrancar um sorriso e até quiçá um elogio.
Enquando contemplamos o absurdo da situação intervém o Rocha solicitando o livro de reclamações. Ela não desarma e parte, novamente, à contra-ofensiva replicando triunfalmente que seria da maneira que se ia já embora.
Não lhe fazemos a vontade. antes mal servidos do que pura e simplesmente não servidos.
Já antes nos primórdios da volta o Rocha quis fotografar, para imortalizar juntamente com a fotografia da estreia da bicicleta, que conseguiu arrancar vastos elogios que foram desde as protecções das bichas dos cabos para não tirarem o brilho à pintura, passando pelas menos evidentes assimetrias na distribuição do carbono na zona do pedaleiro até ao sobredimensionamento de alguns tubos, o momento em que o Aldeano soltou as moedas para pagar os cafés no balcão.
Desta feita pago eu as bebidas. O ambiente no interior está abafado.
Saio para a rua e sento-me na esplanada. Numa mesa contígua um velho de rosto enxuto e enrugado olha-me e sorri com alguma distância. Pergunto-lhe se o dia está feito. replica-me com um abanar de ombros denunciador de uma longa, contínua e monótona sequência de dias. Pergunta-me pelo meu e imito-o no gesto por solidariedade momentânea de misérias espirituais.
Lembro-me de pegar nas rédeas do pelotão, à passagem por Torres Vedras e de imprimir passada certa e decidida. Fomos ultrapassando vários grupos. Destes uma ou outra unidade foi-se aglutinando. Nas partes mais acidentadas libertava-se lastro, ainda assim, à passagem pelo Outeiro da Cabeça resistiam alguns ao andamento que não chegava a ser de castigo.
O Rocha, alto e bom som, provoca-me para apimentar um pouco mais as coisas. Aceito a provocação do homem da Venda e o passo certinho na cadência deu lugar ao andamento a fundo. Castiga-me o vento frontal que soprava com impetuosidade e à medida que os quilómetros decorrem não me permito a afronta de baixar das 180 bpm. Na parte final vem o Aldeano em meu auxilio enquanto os outros tentam não tirar a cabeça do cone de ar. Resistem, dos outros, dois elementos que tal como tinham entrado surdos saíram mudos.
O velhote fita o horizonte e entranha-se nos pensamentos. O dia está feito sim senhor. Eu entro novamente.
A gorda continua inchada e os meus companheiro de jornada não alteraram a condição de boa disposição.
À saída queixa-se o André que estava mal. Empertiga-se o Rocha porque não treina e melancoliza-se o Sérgio que retorna ao trabalho. O Aldeano guarda-se para a Volta a Portugal de Masters que está aí à porta e eu recuo para a cauda do pelotão para contemplar as assimetrias do grupo.

Há mais formas agradáveis de passar as manhãs de domingo? - Certamente que sim, mas não são a mesma coisa!

Aldeano - Boa sorte para a tua prova. Que consigas pôr na estrada todo o treino e sofrimento desta época.

A todos o meu obrigado pela vossa presença

10 comentários:

  1. Boa noite,

    Obrigado pelo apoio, depois da volta vou de férias, só em Agosto regresso a Mafra.
    Espero voltar como fui, inteiro, como é lógico vou tentar o melhor resultado possivel na Volta, acautelando sempre os interesses da equipa.
    Boas voltas, não apertem com a foca !

    Abraço

    ResponderEliminar
  2. Boas pessoal

    Mais uma manhã de domingo bem passada,riso a quanto obrigas é esta por vezes a melhor maneira que encontro de ultrapassar as dores musculares que por vezes me davam sem que os outros dessem conta,sim que para os lados da Venda tem sido domingueiro.
    Alem de termos conhecido o cowboy do bombarral chegamos a conclusão tambem o quanto o Manso ateima que a xaveta da frente por vezes tambem dá para a roda de traz e qiçá para apertar o selim eheheheheheheheheheheheh
    Aldeano boa sorte para a volta e já sabes quando fores de rastos pensa na FOCA de fio dental que logo arribas!!!

    ResponderEliminar
  3. Rocha, brevemente vou colocar uma fotografia do meu mecânico. Aí vais perceber tudo...

    ResponderEliminar
  4. Boas Pessoal

    Já vi que a boa disposição continua. Eu decidi não deixar o Xico sozinho a fazer btt, pois ele está sem bike de estrada. Se houver volta este Domingo contem comigo. Boa sorte Aldeano, para o maior evento ciclistico em Portugal para Cotas...

    Abraços

    ResponderEliminar
  5. Boas Dario,

    No próximo fim-de-semana há volta. Saída às 08h30m do Gradil. Depois publico a volta.
    Abraços

    ResponderEliminar
  6. epa. acho k vi uma quimica entre o andre e a foca. akela "discussao" parecia uma discussao de casal!! eheh. o rocha e k fika todo contente kd tao akelas manequins atras do balcao.ate lhe da forcas para fazer sprints. lol
    p.s- rocha akela conversa k nao treinas ja nao pega.

    ResponderEliminar
  7. mais uma coisa. essa do cowboy ta demais e so rir

    ResponderEliminar
  8. Sérgio,
    É verdade! O Rocha é um amor de pessoa. Agora até perde sprints para mim e continua com o palavreado do "não treino, não tenho tempo, o meu chefe está de férias pela 15ª vez este ano e eu é que levo com tudo, blá blá blá"

    Acho que o André voltou lá na segunda-feira...

    ResponderEliminar
  9. Porcos,bandalhos e inclusive suinos sois vós...

    ResponderEliminar
  10. O Rocha mudou a fotografia do perfil. É a filhota dele! Ainda bem que não tem o mau feitio do pai. (Embrulha poupadinho)

    ResponderEliminar