sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Rescaldo da volta de 05/10/2010

De boas intenções está o inferno cheio...
Dificilmente, ao longo do ano, se encontrou tanta sintonia numa saída domingueira.
Para o bem e para o mal parecia que cada um percebia e sabia com o que podia contar do parceiro. A marcha silenciosa carecia de palavras visto que a simples leitura da postura corporal era suficiente para comprender ao que íamos...
E, caros leitores, ao fim de algum tempo não estávamos ali apenas para tirar o pó às bicicletas...


O crime foi meramente de oportunidade e impremeditado.
Como somos todos bons rapazes, eu, o Aldeano, o Sérgio, o Rocha e o Dario fizémos uma declaração de não agressão à passagem pelo Carvalhal.
"Já não é altura para grandes ritmos pelo que vamos dar uma passeata nas calmas", ouvia-se de um lado. "Ainda bem que já ando farto e já me apetece relaxar" soava doutro.
Até ao Ameal fomos desfrutando da companhia, com o Rocha a pregar-me uma partida alegando que tinha a roda em baixo logo à saída de Torres Vedras.
Quando se nos incorpora um outro elemento já bem entrado na idade abandona-nos o Aldeano com fortes dores por laceração da pele numa das virilhas. Dá meia volta à montada e os restantes brincámos com a situação dizendo que já o tinhamos empenado. O humor reinava e até ao Outeiro da Cabeça continuámos em andamento suave. Depois, até ao Bombarral, decidi aproveitar a descida e embalar a carroça sempre sem forçar e fazendo o meu treino em cadência elevada.
Virámos para a Lourinhã e a única questão relevante foi o de fazer abrandar o Rocha num pequeno topo mais acidentado.
O registo parecia sempre o mesmo mas a média ia aumentando... Inexorávelmente, quais toxicodependentes, foi-se instalando a ânsia por mais uma dose!


Até à Santa Cruz o terreno tornou-se mais irregular contrastando com a cadência certa que me embalava. Vento de frente ou de trás não importava. Quando abrandava davam-me relevo o Rocha e o Dario. O Sérgio foi o último a deixar vencer-se pelo vício...
Paramos para abastecimento (eu não levei nem barras nem géis energéticos) com cerca de 90 km percorridos. Depois, mentalmente, imaginei-nos novamente a passear. Na prática mantivémos o ritmo do último terço do percurso.
O Rocha metia mais uma acha na fogueira noutro topo. Já em direcção a Torres embalo o trem para esquecer definitivamente a contenção nas pulsações até aí sempre bem controladas. Incorpora-se-nos mais um elemento que entretanto ultrapassámos. Paulatinamente os km passavam e o ritmo mantinha-se. Na chegada a Torres acelera-se ainda mais e na variante abranda-se.
Sobe-se Catefica e no Turcifal o Dario abandona-nos. Depois apareceu o Sérgio... Tardou a "consumir" mas quando o fez lambuzou-se todo!
Ferro, muito ferro com os dentes cerrados e com a última jovem visita a passar por grandes dificuldades para seguir na roda. Até ao Gradil o trepador da Murgeira não se poupou a esforços comigo e com o Rocha a disputarmos um sprint que o homem da Venda, sem grande oposição minha, levou porque eu vinha em pedaleira pequena praticamente esgotada.
Acabaram as hostilidades e as minhas reservas... Parcos em palavras tinhamos conciência de que fugimos a todas as promessas... Fomos para uma desintoxicação e prevaricámos logo no primeiro dia!
Da minha parte salvou-se um treino em que a cadência média foi de 91 rpm, absolutamente recorde e feita em pedaleira pequena mas a conciência ficou pesada!
Total de 133 km para uma média até ao Gradil de 30,40 km/h. Depois de reabastecer de água e completamente vazio fomos bem devagar até Mafra.
A promessa foi reiterada e agora é para manter. Vamos tirar gás!
Palavra de...

1 comentário:

  1. No próximo domingo vou apenas para queimar algumas calorias. Está dito, dito fica!

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