terça-feira, 8 de março de 2011

Clássica de Santarém 2011 - Rescaldo

Dia de clássica tem um sabor especial! É o colorido frenesim na preparação da partida com as últimas afinações e verificações finais, a possibilidade de revisitar paragens pouco frequentes e ainda o reencontro com rostos que partilham a mesma paixão e que com o tempo se têm transformado em "velhos conhecidos".
São Pedro fez as honras e brindou-nos com condições climatéricas muito próximas do ideal para a prática da modalidade, ou seja, piso seco e temperatura amena. Alguma instabilidade a início. ainda assim arrisco em indumentária leve e dispenso o impermeável.
Numerosa participação a roçar as 70 unidades (segundo mera estimativa visual minha) que saiu ligeiramente atrasada da BP de Loures por solidariedade com um colega que teve de improvisar o fecho do sapato. Excelente moldura humana onde pontuavam uma participação feminina e uma outra de um "eternamente jovem" de 67 anos, pai do Zé-Tó, acompanhando o filho e juntando assim duas gerações distintas num exercicio de prolongamento do bom gosto pela cultura desportiva.
Este facto atesta que finalmente se começam a encarar estes eventos de uma forma mais saudável e com outra leveza de espirito. Primeiramente havia o preconceito de que estas datas eram reservadas para uma pequena minoria e hoje sabe-se que o objectivo primordial da maioria é o de desfrutar do prazer de circular num largo pelotão e aproveitar a boleia, por algumas dezenas de quilómetros, enquanto as forças não escasseiem.
Movimentar tão largo pelotão, ocupando toda a faixa de rodagem, e às vezes duas, tem, obrigatoriamente, de ser pensado para evitar transtornos para os outros utentes. Andamos à margem da lei e um dia haverá problemas que só podem ser minorados com a consciencialização de que causamos embaraços ao outros e que estes devem ser respeitados dentro do possível e razoável. A bem da verdade referir que encontrámos pouco trânsito e que só pontualmente é que estas situações ocorreram.
Pela positiva a destacar a forma como se abordaram os primeiros quilómetros até à passagem por Vila Franca, com tempo para aquecer os músculos e confraternizar. No empedrado a azáfama vibratória dos quadros e alguns cantis a ficarem pelo caminho. Na saída o cenário alterou-se e paulatinamente o ritmo foi subindo. Principais responsáveis um trio composto por dois Duros do Pedal e um jovem com o jersey do Cartaxo. O ritmo não era de castigo mas pela duração e empenho só estaria à altura de muito poucos.
Na zona de Alenquer iniciava-se o sobe e desce e o ponto de maior cota de todo o percurso estirou o pelotão com algumas quebras e uma pequena fractura na frente. Eu entrei algo atrasado da frente e aproveitei a roda do Carlos Cunha para irmos ultrapassando muitos ciclistas que foram apanhados desprevenidos pelo endurecer do andamento. Na descida dou o meu contributo e fecho visto que seria impensável dispensar tão generosa boleia. A custo e aos poucos foram chegando a maioria dos retardatários com algumas caras a mostrarem sinais de esforço.
Depois de Quebradas virou-se para Arrouquelas e a estrada estreitou muito. Pouco depois um topo mais musculado a requerer atenção e no final os Pinabike chegaram-se à frente numa clara marcação de posição publicitária visto que poucos elementos contribuiram positivamente mas quase todo o grupo se situou na frente do pelotão. Boa iniciativa e bom andamento que viria a ser rendido pelo inevitável duo dos Duros.
Várias movimentações na frente com alterações de ritmo motivam um corte. A pequena fuga esteve sempre à mão de semear mas o duo Ricardo e Freitas optaram por os deixar seguir sendo a anulação da minha responsabilidade e de um outro atleta. Mais alguns topos a originarem movimentações várias e finalmente na Azambuja tudo na roda dos mesmos repetentes. Algum descanso na roda e sacrifício na frente com andamento na casa dos 40 km/h.
Novamente em Vila Franca se abrandou com todos a respeitarem a sábia decisão. Na saída era a vez dos 2640 começarem a chegar-se à frente. Primeiramente o Jonas que estava farto de ser espectador e depois o Sérgio que iniciou as hostilidades na súbida da fábrica da cerveja. No final desta mais um esticão e após a rotunda, com o Jonas a lançar a frente decido tentar a minha sorte. Infelizmente o Jonas não cortou o andamento a vantagem crescia demasiado lentamente. Abrandei...
Mais à frente, num sinal luminoso, a frente adormeceu e faço nova investida. Acelero para os 50 km/h e levo um dos Duros apenas na roda com o resto a ficar atrasado. Na rotunda pequena vantagem e pouco depois estendo a mão para ser rendido mas o convite foi declinado com educação! Abrando novamente e na rotunda seguinte, em plano ascendente, faço mais uma aceleração e estendo o que restava do pelotão.
Mantenho andamento até que com o topo à mão de semear se dá um enorme esticão que apenas foi correspondido por um punhado de atletas com todos os outros a ficarem irremediavelmente atrasados, incluindo todos os nossos (Paulo Pais e Rocha para álem dos já mencionados).

Na frente afiaram-se as facas para o momento final, que não presenciei, mas que legitimamente coroou uma excelente, cordial, leal e divertida manhã de ciclismo.
Assim ganhamos todos um pouco daquilo que o jovem do Cartaxo almejou.
Assim se faz crescer o ciclismo!

10 comentários:

  1. Caso alguém tenha fotografias e as queira partilhar pode enviá-las para o meu e-mail

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  2. Boa tarde Manso,

    Não são muitas, mas neste link estão as fotos que o Tó Monteiro dos Duros do Pedal tirou.

    https://picasaweb.google.com/durosdopedal/2011CLASSICALOURESSANTAREMLOURES#

    Um abraço,

    Francisco Gonçalves
    (O Duro do Pedal que seguia na tua roda no final)

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  3. boas pessoal
    foi uma manha de domingo muito bem passada! È`bom entrar nestes eventos com este pessoal todo que partilha esta paixao que É o ciclismo. desde ja quero agradecer ao rocha e à´sua esposa que levou o carro de apoio caso se fosse preciso alguma coisa. quanto Á`volta: muito porreira,andamento porreiro,esticoes porreiros e medias porreiras eheh tudo porreiro, tambem de salientar o trabalho dos dois duros do pedal penso que È`o francisco e esteves que levaram o grupo a todo o vapor sem medo da fatura. parabens pelo trabalho. abraco a todos

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  4. Bom dia Francisco,

    Obrigado por partilhares o conteúdo do vosso trabalho connosco. Em vez de publicar as fotografias sugiro ao pessoal que passe pelo vosso blogue e assim sempre ficam a conhecer melhor o vosso grupo.

    Quanto à vossa ideia de irem a Évora e regressarem isso é aventura com algum tipo de apoio ou é sempre em autonomia?

    Como não sei quem do grupo ciclismo2640 é que vai, ou em que condições é que vão, tenho de eventualmente ponderar uma situação desse tipo e equacionar todas as implicações, sendo que o treino se adapta a alguns projectos que tenho em mente para realizar a curto prazo.
    Abraço

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  5. Boas Manso,

    Não temos qualquer tipo de apoio para a volta, simplesmente vamos colocar no transporte do pessoal, abastecimento para a volta. Nós já estamos habituados a fazer estas distâncias sem apoio, reconhecendo no entanto o perigo de ficarmos "apeados" no meio do deserto. É um risco que se corre, com Tlm no bolso para alguma eventualidade.

    Caso alguém do vosso grupo queira nos fazer companhia, é só dizer, que quanto mais ajuda melhor.

    Um grande abraço,

    Francisco Gonçalves

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  6. Serginho não tens de k.
    Para évora conto dar a volta a mulher para termos novamente carro de apoio,e se arranjar barras para o tejadilho posso trazer alguem de volta caso precise.
    Quanto á vinda para cá é aliciante MAS no dia a seguir temos trabalho!!

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  7. Pessoal,

    Caso seja necessário, tenho um par de muletas quase novas que posso emprestar.

    Abraço

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  8. Boas Francisco,

    Assim é como eu gosto! É como costumo fazer quando vou a Fátima e regresso.
    Está decidido. Vou e regresso convosco a pedalar.

    Abraços

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  9. Boas,
    Amigo J. Manso ir e vir a Évora é feito em autonomia total, a ideia é, quando chegarmos a Évora atestamos de água damos de imediato a volta à montada e pedalamos até Montemor – o – Novo. Nesta localidade fazemos uma paragem rápida, para ingerir qualquer coisa sólida (tipo uma bifana que é um autentico almoço e o serviço é rápido) num sítio que conheço, fica à beira da estrada.
    Será um prazer a tua companhia, assim como mais alguém que o queira fazer!
    Um abraço,
    António Vaqueirinho

    PS: contacto particular, antonio@soelectronica.pt

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  10. Boas Vaqueirinho,

    A paragem em Montemor, já afastados da confusão da zona de chegada, parece-me muito bem delineada.
    Espero que o tempo seja de feição ao bom desenrolar da jornada.
    Vou lançar um post para ver se mais alguém se anima.
    Até breve
    Abraços

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